quarta-feira, 31 de março de 2010

All you need is love - Vénus


"Vénus é a deusa do Amor, da Beleza e do Erotismo. O mito do seu nascimento conta que surgiu de dentro de uma concha de madrepérola, tendo sido gerada pelas espumas (considerada filha do Céu e da Terra). Noutra versão, é filha de Júpiter e Dione [...] Após o seu nascimento foi levada para as Honras ao Céu, onde os deuses ficaram extasiados de tanta formosura."

Bela ou não, nascida no mar ou não, a verdade é que nesse dia, o do seu nascimento, o mundo (mesmo antes de existirmos) ganhou o seu mais importante componente. O seu maior trunfo, o maior alicerce, melhor sentimento e aquilo que junta todas as pessoas: o Amor.
Essa pequena palavra de quatro letras tem um peso que esconde a sua constituição franzina.
Afinal o que é o amor para além de componente e palavra? Sei que não é quantificável, visto que é infinito e nem isso serve para o quantificar.
É tudo e nada, usando um lugar comum, é aquilo que nós fazemos na nossa relação com os outros e connosco.
É a amizade, a verdade, a tristeza, a ajuda e a solidariedade. É a doença da qual ninguém se quer curar, é veneno perigoso, às vezes fatal, é o néctar mais doce que podemos provar, é o que nos rodeia, é cada pormenor, cada gesto, cada sentimento.
Isto é bom de dizer, é até talvez bonito, mas não ajuda em nada.
O amor não se vê (só às vezes), sente-se, faz-se, constrói-se. Está nas palavras, mas sobretudo nas acções. Está nos olhos, mas sobretudo nos corações.
Vénus, Vénus...sabias que ias originar isto? Séculos, milhares de séculos após a tua chegada e continuamos vendados, sem saber bem o que fazer com o presente que nos trouxeste.
Todos o procuramos, todos nos queixamos quando o temos, mas também nos lamentamos quando o perdemos.
E que tal uma pequena ajuda aos mortais que não são assim tão brilhantes para o conseguirem controlar como tu?
Que tal desceres do teu lugar divino para orientares as mentes e as almas dos pobres humanos que ainda não perceberam que a única coisa que os mantém vivos, é também aquilo que os vai matando aos poucos, e que têm de aprender o seu equilíbrio.
O amor é paciente, mas exigente. Exige pouco ao início, até que vai crescendo e pedindo cada vez mais de cada um, até chegarmos à exaustão, acabando por esquecer como ele era bom antes de ser tão trabalhoso.
O amor é bonito mas só quem tem os olhos bem abertos é que vê que também é feio, mostrando tudo o que está errado nas nossas relações com quem amamos.
Porque é com esses que somos mais injustos, mais exigentes (lá está, o Amor causa isso!) e por vezes, é a esses que damos menos valor, quando devíamos dar mais. Porque são esses que estão lá para nós, nos bons e maus momentos, na felicidade, no desespero, na saúde e na doença. Esses são os verdadeiros, e fazem parte de nós, tal como o Amor, que ocupa uma percentagem de todos os corações que batem no planeta Terra.
E no fim de contas, se virmos bem, o Amor, é mesmo tudo o que acabamos por precisar...

Por Joana GTH

segunda-feira, 29 de março de 2010

A caixa que nos pertence - (a caixa de) Pandora


"Foi a primeira mulher que existiu, criada por Hefesto e Atena, auxiliados por todos os deuses e sob as ordens de Zeus. Cada um lhe deu uma qualidade. Ora, tinha Epimeteu em seu poder uma caixa que outrora lhe haviam dado os deuses, que continha todos os males. Avisou a mulher que não a abrisse. Pandora não resistiu à curiosidade. Abriu-a e os males escaparam. Por mais depressa que providenciasse fecha-la, somente conservou um único bem, a esperança. E dali em diante, foram os homens afligidos por todos os males."

Pandora, à semelhança de Eva, foi a primeira mulher, e foi também ela a condenar o mundo da sua altura, ao abrir caixa que continha todos os males, mais tarde recordada como a caixa de Pandora. Terá sido um erro abrir esta caixa? É assim que será para sempre recordado. Mas não concordo. Neste universo, em que está tudo destinado e feito ao contrário (tantas dúvidas), existem coisas e pessoas que se complementam assim como coisas e pessoas que são contrárias e se equilibram. Se tentarem imaginar um mundo utópico, depressa vão ficar com a cabeça pesada, de tanto imaginar e ver que é impossível. Já o tentei várias vezes. Não existe. Nem nunca irá existir, pelo menos completamente. Pelo menos com seres humanos...e com os deuses penso que também não. "Evoluam. Não sejam perfeitos."
Pandora, curiosa abriu uma caixa. Mesmo avisada do mal que faria ao abri-la, abriu-a à mesma. Eu faria a mesma coisa e farei sempre. Nada deve ficar aprisionado. Nem mesmo o "mal". Não serve de nada prendermos algo. Tudo deve estar solto. Vivo. Sedento. Pandora fez algo que poucos têm coragem de hoje fazer, soltar e soltar-se, mesmo que os resultados sejam fatalmente curiosos.
E é curioso no entanto reparar em dois detalhes. Primeiro, como qualquer ser humano, depois de se ter apercebido do seu enorme erro, tento depressa corrigi-lo. Tarde de mais........Segundo ponto, no fim de todos os males saírem, apenas sobrou a esperança. Acabamos por não perceber de todo. Será a esperança um mal? O único que não teve tempo de ser solto? Ou terá apenas sobrado a esperança na alma de todos os homens, para lutar contra os males soltos? Eu adoro as duas ideias. De qualquer forma, temos de nos agarrar sempre à esperança, pois esta é a única coisa que perdura no coração no homem, até que por ele seja extinta. Pandora soltou no mundo algo que ela própria desconhecia na sua totalidade. Algo que nos acontece a todos nós. E abrir todas as caixas de Pandora deste mundo, de todos os que nos são próximos, é algo que temos de fazer se queremos de facto conhecer essas pessoas, no seu todo, nos trezentos e sessenta graus da sua alma.
O ser humano que abrir a sua caixa, ou melhor, que deixar a sua caixa de pandora ser aberta, está de certa forma, mais próximo da outra pessoa, do que alguma vez estará, num momento intimo e arrebatador, pois o ser humano é essa caixa, com males e não só.
Conseguirei abrir a tua caixa de Pandora? Tentem...Conheçam mais, devorem mais momentos, sintam, como já sentiram. Explorem. Vivam. Ninguém é um monstro, e talvez mesmo os monstros sejam amados.
Já abriste hoje a tua caixa de Pandora?

Por Diogo Garcia TH

sábado, 27 de março de 2010

O amor como era e é - Hera


«Hera era a deusa grega (…) do casamento, irmã e esposa de Zeus. Retratada como ciumenta e agressiva, odiava e perseguia as amantes de Zeus e os filhos de tais relacionamentos (…). Mostrava apenas os seus olhos aos mortais e usava uma pena do seu pássaro para marcar os locais que protegia. Hera era muito vaidosa e sempre quis ser mais bonita que Afrodite, sua maior inimiga (…) orgulhosa, obstinada, ciumenta e raivosa. É representada por um pavão e uma coroa de ouro.»

Hera representa o símbolo da mulher, o símbolo do casamento. O casamento moderno, não o conceito que nós temos de casamento desde pequenas: o príncipe encantado, num cavalo branco, felizes para todo o sempre. O casamento tradicional deveria ser algo mágico, algo que nos fizesse sentir borboletas na barriga e peles de galinha. Devia de ser um acto de amor. O momento em que mostramos ao mundo o quanto amamos o nosso ente querido.
Os casamentos modernos não são nada disso. Não há cavaleiros montados no seu cavalo mágico ou actos de puro amor; e se Hera era uma mulher má e mesquinha era porque tinha razões para o ser: Zeus era um homem promíscuo e infiel.
Parece familiar? Sim. É a representação da sociedade moderna: uma família “patriarcal”. Zeus é o pai, o ‘cabeça do casal’. Hera nada tem a dizer, acena que sim e segue em frente.
Zeus desonrou o que Hera considerava de mais sagrado, de mais importante: o (seu) casamento. Não precisava da mulher com quem trocou votos para ser feliz. Tinha muitos outros para o fazer. Elas também o deixavam feliz. Elas também concebiam. Porquê manter-se apenas com a mesma mulher para o resto dos dias da sua imortal vida?
Quando surge algum problema fugimos. Quando acontece algo de mal viramos costas. Para que servem os votos? Para que servem as promessas?

Por Liliana Girão

sábado, 20 de março de 2010

Do que vocês se esquecem - Mercúrio


"Deus da eloquência e da arte de bem falar, ele o era também dos viajantes, dos negociantes e mesmo dos ladrões. Embaixador plenipotenciário dos deuses, assistia aos tratados de aliança, sancionava-os, rectificava-os, não era estranho às declarações de guerra entre as cidades e os povos. Dia e noite não cessava de vigiar atento e alerta. Em uma palavra, era o mais ocupado dos deuses e dos homens. Os gregos chamavam-no Hermes, isto é, mensageiro."

Mercúrio, conhecido por ser um deus dos recados, o melhor estafeta da sua altura, será sempre recordado como o mais rápido, o que nunca se atrasa. De todos os deuses,(dado curioso para os mais desatentos) é o único do qual não sabemos a sua vida própria...E porquê? Simples: porque não a tinha. Mercúrio, se vivesse nos tempos que correm, seria o comum mortal que aos trinta anos (na realidade começa a ser mais cedo...) tem um pequeno enfarte, um AVC ou um esgotamento devido a todo o stress quotidiano. Duvidam? Eu não. Mercúrio, à sua peculiar maneira, representa todos aqueles que vivem apenas e exclusivamente para o seu trabalho, sem tempo ( termo relativo) para viver de facto. Não existem amores, nem amigos, nem família. Mercúrio ficará para sempre recordado como o que chegava sempre a tempo (para quê?), aquele que nunca falhou...Mas então, falhou na razão mais importante de todas: viver. Ser feliz...E não me digam que respirar sobre pressão, sem ter tempo para apreciar seja o que for, é viver. Porque existe sempre tempo para mais alguma coisa, para alguma coisa...Cada dia, por muito igual que seja, é sempre diferente.
Não poderia Mercúrio, "esforçar-se"(e custa-me usar esta palavra) para amar? Sentado no seu sofá, fosse confortável ou não, (o que mais tarde seria dado como confortável) com a sua amada enquanto via televisão sem som? Apenas encostados um no outro, em silêncio ou a conversar? Mas que complicação...Ser-se tão simples. Existe sempre tempo. Não conseguiria Mercúrio deitar-se e reflectir um pouco? Fumar um cigarro enquanto ouvia a sua música favorita? Bem sei, os tempos eram outros...Mas mesmo assim. A vida não é só trabalho. É preciso deixarmo-nos ir, por vezes, ou quase sempre, mas jamais quase nunca. Perder tempo sem viver de facto é tédio, é infelicidade. E todos nós precisamos disso, seja de que forma for. Todos precisamos do nosso ponto, ou pontos de fuga. Não porque são necessários, mas também porque são saudáveis. Mercúrio, chegaste atrasado à tua vida. Espero que vocês ainda cheguem tempo. Agarrem, segurem com força, para não mais escapar. Sorriam e vivam, combatam o mau e valorizem o bom. Apressem-se, a vida é já agora.

Por Diogo Garcia TH

quarta-feira, 17 de março de 2010

Fora do vosso alcance - Ícaro


"Na mitologia grega, Ícaro (em grego, Ἴκαρος – Íkaros — em latim, Íkaros e em etrusco, Vicare) era o filho de Dédalo e é comumente conhecido pela sua tentativa de deixar Creta voando – tentativa frustrada em uma queda que culminou na sua morte."

A história de Ícaro é ilustrada por todos nós para nos convercemos que voar não compensa e que pior ainda, voar alto é um castigo que se pagará caro pois a queda será alta e dolorosa.
Pois aqui estou eu, a dar uma nova ilustração à história do pobre Ícaro.
Todos nós temos cá dentro um Ícaro, que se manifesta de duas formas diferentes:
ou temos medo de voar alto acabando por ter o mesmo fim, não tendo talvez a sorte de mais tarde darem o nosso nome à região onde cai o nosso corpo; ou voamos muito alto e de facto acabamos por cair por nos termos aproximado demasiado do sol...
O único erro, a meu ver, e julgo estar bastante certo, dado que raramente me engano nestes assuntos humanos (e divinos), foi a escolha dos materiais para construir as suas asas.
Compreenderão facilmente, assim como Ícaro se tivesse a oportunidade de ter alguém que o ajudasse naquela altura, que umas asas construídas com materiais que não derretessem ao sol ou ficassem mais pesados com a húmidade (que deriva da proximidade com o mar) a sua história seria contada, não como o "pobre Ícaro" mas sim como "Ícaro, o que ousou e conseguiu".
Verdade seja escrita, como tudo na vida, para algo resultar, dar frutos, é preciso muito amor, prazer, dedicação. Dar as voltas necessárias até estarmos no caminho que queremos e que nos faz felizes. Coloquem as asas e sejam felizes.
Talvez isto esteja fora do vosso alcance, mas agora já não, lembrem-se do que querem
e construam asas sólidas, que sobrevivam no tempo.

Por Diogo Garcia TH