segunda-feira, 29 de março de 2010

A caixa que nos pertence - (a caixa de) Pandora


"Foi a primeira mulher que existiu, criada por Hefesto e Atena, auxiliados por todos os deuses e sob as ordens de Zeus. Cada um lhe deu uma qualidade. Ora, tinha Epimeteu em seu poder uma caixa que outrora lhe haviam dado os deuses, que continha todos os males. Avisou a mulher que não a abrisse. Pandora não resistiu à curiosidade. Abriu-a e os males escaparam. Por mais depressa que providenciasse fecha-la, somente conservou um único bem, a esperança. E dali em diante, foram os homens afligidos por todos os males."

Pandora, à semelhança de Eva, foi a primeira mulher, e foi também ela a condenar o mundo da sua altura, ao abrir caixa que continha todos os males, mais tarde recordada como a caixa de Pandora. Terá sido um erro abrir esta caixa? É assim que será para sempre recordado. Mas não concordo. Neste universo, em que está tudo destinado e feito ao contrário (tantas dúvidas), existem coisas e pessoas que se complementam assim como coisas e pessoas que são contrárias e se equilibram. Se tentarem imaginar um mundo utópico, depressa vão ficar com a cabeça pesada, de tanto imaginar e ver que é impossível. Já o tentei várias vezes. Não existe. Nem nunca irá existir, pelo menos completamente. Pelo menos com seres humanos...e com os deuses penso que também não. "Evoluam. Não sejam perfeitos."
Pandora, curiosa abriu uma caixa. Mesmo avisada do mal que faria ao abri-la, abriu-a à mesma. Eu faria a mesma coisa e farei sempre. Nada deve ficar aprisionado. Nem mesmo o "mal". Não serve de nada prendermos algo. Tudo deve estar solto. Vivo. Sedento. Pandora fez algo que poucos têm coragem de hoje fazer, soltar e soltar-se, mesmo que os resultados sejam fatalmente curiosos.
E é curioso no entanto reparar em dois detalhes. Primeiro, como qualquer ser humano, depois de se ter apercebido do seu enorme erro, tento depressa corrigi-lo. Tarde de mais........Segundo ponto, no fim de todos os males saírem, apenas sobrou a esperança. Acabamos por não perceber de todo. Será a esperança um mal? O único que não teve tempo de ser solto? Ou terá apenas sobrado a esperança na alma de todos os homens, para lutar contra os males soltos? Eu adoro as duas ideias. De qualquer forma, temos de nos agarrar sempre à esperança, pois esta é a única coisa que perdura no coração no homem, até que por ele seja extinta. Pandora soltou no mundo algo que ela própria desconhecia na sua totalidade. Algo que nos acontece a todos nós. E abrir todas as caixas de Pandora deste mundo, de todos os que nos são próximos, é algo que temos de fazer se queremos de facto conhecer essas pessoas, no seu todo, nos trezentos e sessenta graus da sua alma.
O ser humano que abrir a sua caixa, ou melhor, que deixar a sua caixa de pandora ser aberta, está de certa forma, mais próximo da outra pessoa, do que alguma vez estará, num momento intimo e arrebatador, pois o ser humano é essa caixa, com males e não só.
Conseguirei abrir a tua caixa de Pandora? Tentem...Conheçam mais, devorem mais momentos, sintam, como já sentiram. Explorem. Vivam. Ninguém é um monstro, e talvez mesmo os monstros sejam amados.
Já abriste hoje a tua caixa de Pandora?

Por Diogo Garcia TH

1 comentário:

  1. Este é talvez um dos meus preferidos até agora. Acho que retrata aquilo que é importante, e mais uma vez consegues sempre chegar àquilo que interessa: promover o que deve ser mudado em ti, nos outros e no mundo. A mensagem é linda e acho que todos devemos fazer um esforço para abrir a nossa caixa de Pandora e ver o que jaz lá dentro. :)
    Spiral out, keep going

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