sábado, 27 de março de 2010

O amor como era e é - Hera


«Hera era a deusa grega (…) do casamento, irmã e esposa de Zeus. Retratada como ciumenta e agressiva, odiava e perseguia as amantes de Zeus e os filhos de tais relacionamentos (…). Mostrava apenas os seus olhos aos mortais e usava uma pena do seu pássaro para marcar os locais que protegia. Hera era muito vaidosa e sempre quis ser mais bonita que Afrodite, sua maior inimiga (…) orgulhosa, obstinada, ciumenta e raivosa. É representada por um pavão e uma coroa de ouro.»

Hera representa o símbolo da mulher, o símbolo do casamento. O casamento moderno, não o conceito que nós temos de casamento desde pequenas: o príncipe encantado, num cavalo branco, felizes para todo o sempre. O casamento tradicional deveria ser algo mágico, algo que nos fizesse sentir borboletas na barriga e peles de galinha. Devia de ser um acto de amor. O momento em que mostramos ao mundo o quanto amamos o nosso ente querido.
Os casamentos modernos não são nada disso. Não há cavaleiros montados no seu cavalo mágico ou actos de puro amor; e se Hera era uma mulher má e mesquinha era porque tinha razões para o ser: Zeus era um homem promíscuo e infiel.
Parece familiar? Sim. É a representação da sociedade moderna: uma família “patriarcal”. Zeus é o pai, o ‘cabeça do casal’. Hera nada tem a dizer, acena que sim e segue em frente.
Zeus desonrou o que Hera considerava de mais sagrado, de mais importante: o (seu) casamento. Não precisava da mulher com quem trocou votos para ser feliz. Tinha muitos outros para o fazer. Elas também o deixavam feliz. Elas também concebiam. Porquê manter-se apenas com a mesma mulher para o resto dos dias da sua imortal vida?
Quando surge algum problema fugimos. Quando acontece algo de mal viramos costas. Para que servem os votos? Para que servem as promessas?

Por Liliana Girão

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