terça-feira, 13 de abril de 2010

O medo da entrega, o poder de se afastar - Circe


"Circe era considerada a Deusa da Lua Nova, do amor físico, feitiçaria, encantamentos, sonhos precognitivos, maldições, vinganças, magia negra, bruxaria, caldeirões. Com o auxílio de sua varinha, poções, ervas e feitiços, transformava homens em animais...ela era também a tecelã dos destinos."

A pobre Circe tinha tudo para ser feliz. Tinha poderes para conseguir mudar aquilo que menos gostava neste mundo, (algo que nós gostaríamos de ter, pois mesmo quando nos esforçamos para mudar algumas coisas que não gostamos, pouco ou nada conseguimos mudar realmente). Podia ter tudo. Podia ser feliz. Todavia, preferiu a solidão de uma ilha, que não partilhou com a família, amigos ou algum amor da sua vida. Não. A pobre Circe, como outros deste mundo terreno, preferiu não se entregar a ninguém. Em vez disso, transformava seres humanos (homens) em animais, tendo talvez a sua companhia, mas sem conversa, discussão produtiva, e manifestações de amor...Pobre Circe. Quem me dera poder estar frente a frente contigo, sem risco de virar cavalo, leão ou águia, e dizer-te para não teres medo de amar. Estar frente frente contigo e fazer-te sorrir, um sorriso que sai de forma autentica sem termos de pensar muito nisso. Mostrar-te que o caminho da solidão só serve para os filósofos, não para quem quer perceber um outro lado maravilhoso da vida.
Circe é como todos nós...temos tudo o que precisamos para sermos felizes, ou quase tudo, pois algumas coisas precisam de ser construídas (o que pode levar o seu tempo) outras corrigidas, e outras amadas.
Circe, como qualquer tu ou qualquer eu, ou qualquer nós, sabia o que precisava de fazer para ser feliz, as ferramentas que precisava...apenas cometeu o erro, (o erro que não gosto de ver ser cometido), o mesmo que erro que tu e eu e nós cometemos, preferiu não lutar, preferiu desistir, preferiu entregar-se ao mau sem sequer ter lutado pelo bom. Circe podias ter aprendido tanto comigo, comigo sendo português, sabias tu : que depois da tempestade, do sofrimento e dor, aparece-nos o Cabo Bojador? Ai Circe...mesmo nesses dias de céu cinzento, o sol está sempre lá, a brilhar por detrás das nuvens...
Circe não te devias ter fechado. Nem te devias ter afastado de quem te pudesse amar. Nem devias ter-te afastado do amor, quando este é real, e sério, e te faz bem, e te sabe bem...
Circe!, fizeste-me ficar triste. Quem me dera poder estar contigo e fazer-te mudar.

Por Diogo Garcia TH

2 comentários:

  1. Mudar é algo que por vezes todos queremos, mas é também algo que é sempre difícil de fazer, mesmo que tentemos muito, mesmo que queiramos muito, porque como o nome indica, tudo tem de mudar. E para pessoas como eu (só às vezes), a mudança trás uma aura assustadora, traz a mudança consigo, coisa que um simples mortal costuma repudiar. Mas tu, definitivamente conseguirias mudar a Circe, não tenho dúvidas.
    :) Amei

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  2. Entendo o que disse, mas Circe, preferiu o Conhecimento, a Arte. Mas entendo o seu maravilhoso artigo. Neste aspecto, tens razão... Mas Ela é uma Deusa, Uma Bruxa e por isso, seguia a Arte...
    Mas adorei o seu artigo!
    Beijos de Luz!

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